Reprodução / Celso Rodrigues – Diário do Pará |
A Cabanagem será o primeiro bairro a receber o programa Territórios pela Paz, chamando de TerPaz. Lançando nesta segunda-feira (11) pelo Governo do Estado, em cerimônia no Teatro Margarida Schivasappa e que reuniu sociedade civil, representantes de instituições públicas, parlamentares e secretários, foi anunciado que o programa inicia nesta terça-feira, 12 de junho.
O governador Hélder Barbalho assinou o decreto de criação do programa, que visa diminuir a vulnerabilidade social por meio da articulação de ações conjuntas de políticas públicas de segurança e cidadania como forma de combater e enfrentar as dinâmicas da violência nos sete bairros da Grande Belém: Guamá, Jurunas, Terra Firme, Benguí e Cabanagem (Belém), Icuí (Ananindeua) e Nova União (Marituba), territórios com alta concentração de taxas de violência e baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Ricardo Balestreri, Secretário de Estado de Articulação da Cidadania (Seac), disse que “os territórios [bairros] foram abandonados por muito tempo pelo Estado”. Na sua última visita ao bairro do Guamá, relatou durante o evento, que ficou impressionado com a ausência de políticas públicas na vida da população, e afirmou que as ações sociais serão instaladas após a chegada da segurança nessas áreas.
“Nós vamos entrar com as 116 ações do governo, tão logo a chegada da segurança pública. Vamos começar a construir imediatamente sete grandes complexos para serviços e atendimento à comunidade e com grandes espaços de quadras esportivas para todos, mas especialmente para a juventude”, destacou.
Lançamento do programa Territórios pela Paz / Ascom deputado Bordalo |
O Guamá foi cenário de mais uma chacina em Belém, quando homens encapuzados e fortemente armados atiraram em 11 pessoas em um bar no dia 19 de maio. O caso ganhou repercussão nacional internacional. Joana Pantoja da Costa, presidenta da Associação dos Moradores do bairro do Guamá, assistiu a cerimônia de lançamento, e expõe que sua maior preocupação é com o jovem.
“O jovem hoje não tem opção no Guamá. Não tem uma praça, não tem uma escola de qualidade, não tem nada, então ele fica vulnerável e o que ele contra? um barzinho. São meninos que têm 16, 17 18 anos e que não tem opção na vida”, afirma.
Para o professor e sociólogo Domingos Conceição, integrante do Movimento Afrodescendentes do Pará e da Sociedade Paraense de Direitos Humanos (SDDH), acredita que o projeto terá êxito se houver a participação da sociedade e, principalmente, investimentos na educação.
“As escolas, por exemplo, nessas áreas, tem que ser profundamente revitalizadas, isso dar uma educação de qualidade e de uma mobilização e motivação, tanto dos familiares, quanto dos próprios alunos. Por isso cito, como professor, a prioridade na educação. Ela tem que ser socializada com os setores de segurança, que a gente faz muito pouco. Se pensa no Brasil que inibir o crime é inibir com força repressiva e só isso não resolve muito”, argumenta.
O evento contava ainda com a abertura do I Seminário Interinstitucional dos Territórios pela Paz, na ocasião foram apresentados dados do relatório do grupo focal e se verificou que os bairros têm carência de serviços de saneamento, infraestrutura urbana, serviços de proteção social e espaços públicos que propiciem a convivência coletiva como áreas esportivas e culturais.
Nesse sentido o objetivo do TerPaz é fazer com que o Estado esteja presente nesses territórios. O governador Helder Barbalho pontuou que o programa terá uma ação conjunta das 27 secretarias e pontuou que somente com “a soma de iniciativas haverá transformação social, sendo possível com o envolvimento e participação ativa de diversos órgãos do Estado”.