Mais da metade das famílias acampadas no Helenira Resende sobrevivem do que produzem na terra. É o que aponta o relatório denominado Diagnóstico das condições produtivas, sociais e de infraestrutura do acampamento Helenira Resende, produzido pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).
O documento com 15 páginas teve como base metodológica a aplicação de questionários elaborados pelos professores e alunos e através de levantamento de dados puderam traçar uma análise sobre as condições da produção agrícola, pecuária, comercialização de produtos e as condições da infraestrutura social e técnica existente no acampamento.
O Helenira Resende foi construído no dia 1º de março de 2009 por aproximadamente 380 famílias e encontra-se em uma área dentro do chamado Complexo Cedro, composto pelas fazendas Cedro, Rio Pardo e Fortaleza, localizado no município de Marabá e nas proximidades de Eldorado dos Carajás, às margens da BR-155.
Ainda de acordo com o relatório ao longo de dez anos as famílias tornaram o acampamento “marcadamente produtivo”, destacando sua herança familiar com a terra. “A relação com a terra é uma herança familiar registrada na história de todos os acampados, de forma que a produção agrícola é parte imprescindível do modo de vida que estes têm construído coletivamente no acampamento”, segundo trecho do documento.
Mais de 90% dos lotes possuem criação de pequenos animas como galinhas, porcos, gado de leite, patos e carneiro e que servem como alimento e renda. A produção de verduras e legumes também se destacam, assim como a atividade comercial de venda de leite, garantindo aos acampados e acampadas sua sobrevivência, uma diversidade de produção frente as diversas violações de direitos, ausência de assistência técnica, crédito e apoio governamental.
Mesmo tornando a área produtiva as famílias vivem sob constante ameaça de despejo. A nova ordem judicial para reintegração de posse da terra está marcada para o dia 10 de marco de 2020, no qual o requerente da ação é o grupo agropecuário Santa Bárbara Xinguara S/A, ligado ao banco Opportunity, do empresário Daniel Dantas.
Caso seja efetivado uma das consequências será “o agravamento de problemas sociais das mais diversas ordens nos municípios de Eldorado dos Carajás e Marabá e na região como um todo”.
Leia o relatório completo: clique aqui