Ananindeua é o município com a maior taxa de morte de mulheres no Brasil: são 21,9 homicídios para cada 100 mil mulheres (dados de 2015). A escalada da taxa de mortes de mulheres em Ananindeua ao longo dos anos também chama a atenção: em 2005, foram apenas três mortes por agressões por 100 mil mulheres na cidade paraense – aumento de 730% em uma década.
Os dados foram divulgados recentemente pela Agência Pública, a partir de registros do Ministério da Saúde, que identificou as cidades brasileiras com mais mortes violentas de mulheres e a evolução desse número em dez anos (de 2005 a 2015 – último ano com dados disponíveis no sistema). Essa categoria inclui mortes por violência por diversos meios, como sufocamento, arma de fogo, objetos cortantes ou mesmo agressões sexuais.
Para debater este grave problema, a Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Pará realiza, no próximo 09 (quinta-feira), às 9h, uma Sessão Especial sobre Feminicídio, no município de Ananindeua, com a presença de diversos movimentos sociais e autoridades. A entrada é franca e aberta ao público em geral.
Segundo a pesquisa da Agência Pública no DataSus, em 2015 morreram em Ananindeua 40 mulheres por armas de fogo, 12 por objetos cortantes, três por força corporal e uma por sufocamento. O recorte de raça também salta aos olhos: em dez anos, das 343 mulheres assassinadas, 306 eram pardas e negras e 35, brancas.
Ananindeua aparece também entre as cidades com as maiores taxas de homicídio da América Latina e Caribe, segundo o Observatório de Homicídios. No último Mapa da Violência, que traz os homicídios por armas de fogo no país, de 2012 a 2014, ela fica em sétimo lugar no ranking.
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alepa, deputado estadual Carlos Bordalo (PT), a gravidade dos índices de violência contra a mulher no Pará exige políticas públicas efetivas que garantam melhor acolhimento das vítimas, implementação de delegacias da mulher nos municípios, com funcionamento aos finais de semana, quando ocorrem a maioria dos casos, além de ações educativas que combatam a violência de gênero desde a fase escolar. “Há mais de um ano, venho defendendo a instalação de uma CPI para investigar os casos de violência doméstica no Estado. Não é possível conviver com tamanha atrocidade. Precisamos falar sobre feminicídio”.
SERVIÇO: Sessão Especial sobre Feminicídio em Ananindeua. Dia 09 de novembro, quinta-feira, às 9h, no Auditório da Escola Superior Madre Celeste (Av. Providência, 10, Cidade Nova 9, Ananindeua). Evento aberto ao público com entrada franca.
Acompanhe aqui a matéria da Agência Pública sobre Feminicídio em Ananindeua.