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No próximo dia 06 de dezembro, registra-se 30 anos do brutal e covarde assassinato do deputado João Batista. A Fundação Mauricio Grabois, a Comissão de Direitos Humanos da Alepa, que tem como presidente o deputado Carlos Bordalo, o advogado João Carlos Batista e a ex-deputada Sandra Batista, realizarão um ato em homenagem a esse ilustre filho do Brasil, que dedicou sua vida e suas energias à luta dos trabalhadores, da liberdade, da democracia e da justiça social.
Em tempos de violência e ataque aos direitos sociais e à democracia que hoje vivemos no Brasil, preservar a memória de nossos mártires, como o deputado João Batista, é a renovação da esperança que só a luta do povo oprimido vale a pena.
João Batista iniciou sua luta no movimento estudantil, foi um líder destacado e reconhecido. Formado em Direito, como advogado começou a atuar em defesa dos trabalhadores urbanos e posteriormente dos colonos e posseiros, diante do avanço dos grandes latifundiários na luta pela posse de terra no Pará, Estado conhecido por possuir o maior número de conflitos agrários do País.
Foi Defensor Público e um dos idealizadores daquela instituição. Com a escalada da violência abrangendo as diversas regiões do Pará, João Batista se destaca como um dos mais tenazes e determinados defensores da Reforma Agrária.
Eleito Deputado Estadual em 1986, foi incansável na tribuna na denúncia dos despejos violentos, espancamentos, torturas, ameaças de morte, o trabalho escravo e assassinatos de camponeses e suas lideranças, que ocorriam impunemente nas terras do Pará. Buscava solução para que os trabalhadores tivessem um pedaço de terra para morar, produzir e viver dignamente com suas famílias. Denunciava, além dos mandantes e pistoleiros, também a ação do Incra, Getat e de policiais militares e civis que se comportavam como jagunços de grileiros, empresas rurais e fazendeiros.
Com isso angariou o ódio dos latifundiários, organizados na famigerada UDR, e foi ferozmente perseguido, tendo sofrido três atentados à bala antes de sua morte. João Batista foi assassinado a mando da União Democrática Ruralista (UDR), entidade que se organizou para combater a Reforma Agrária.
Por diversas vezes, pediu proteção às autoridades da época, sem encontrar eco na sua reivindicação.
João Batista foi assassinado na porta de sua casa, no centro de Belém, em 06/12/1988, na frente de sua esposa Sandra Batista e dos três filhos pequenos, após ter usado a tribuna para mais uma vez para denunciar ameaça de morte à sua pessoa. João Batista foi morto em pleno exercício de seu mandato como deputado constituinte.
A voz e o mandato do deputado João Batista foram cassados pelas balas do latifúndio, por isso relembrá-lo é importante para animar a esperança na luta de quem combate ao lado do povo, principalmente neste tempos sombrios de criminalização dos movimentos sociais, em que o discurso de ódio tomou conta do poder central do Brasil.
Debater a liberdade, a democracia e a Reforma Agrária é a melhor forma de homenagear esse combatente do povo do Pará.
O evento será realizado no dia 06 de dezembro, às 15 horas, no auditório João Batista, da Assembleia Legislativa do Estado do Pará, tem como realizadores Fundação Mauricio Grabois e Comissão de Direitos Humanos da ALEPA. Apoio: Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra (CPT), União da Juventude Socialista (UJS), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/PA), Associação dos Magistrados Trabalhistas (AMATRA) e União Brasileira de Mulheres (UBM).