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Mulheres fazedeiras de cuias dos Rios  Quianduba e Xingu, de Abaeté, são Patrimônio Cultural

As “mulheres fazedeiras" de cuia são declaradas como Patrimônio Cultural de Natureza Material e Imaterial do Estado do Pará
Mulheres, cuia

Foi publicado nesta terça-feira (26) no Diário Oficial do Estado do Pará, a Lei N°10.060/2023, que declara como Patrimônio Cultural de Natureza Material e Imaterial do Estado do Pará, as formas de saberes culturais das “mulheres fazedeiras”, artesãs na produção de cuias, da comunidade dos rios Quianduba e Xingu, localizado no município de Abaetetuba.

A Lei tem origem no PL N° 393/2022 de autoria do deputado Bordalo e foi sancionada pelo Governador Helder Barbalho na segunda-feira, dia 25. O objetivo da lei é enaltecer a prática artesanal de confeccionar cuias pelas “mulheres fazedeiras”, com o propósito de valorizar a identidade local, além de preservar expressões culturais muitas vezes invisibilizadas. Tais expressões são consideradas essenciais para a manutenção da memória e identidade regional, sendo o intuito também de designá-las como parte integrante do patrimônio histórico e cultural do estado do Pará.

As mulheres das comunidades ribeirinhas da região possuem conhecimentos culturais distintos – Conhecimentos tradicionais transmitidos pela oralidade e através de gerações de seus ancestrais. Esses conhecimentos incorporam elementos compartilhados, derivados principalmente das conexões profundas com os rios e as florestas, representando assim os saberes característicos da região amazônica.

Fica evidente que a atividade e produção de cuias é conduzida de forma exclusiva pelas mulheres, seguindo um processo totalmente artesanal. Desde a coleta da matéria-prima até o tingimento das cuias na cor preta, a presença dos homens é esporádica. Crianças (tanto meninos quanto meninas) e adolescentes contribuem de maneira auxiliar em várias etapas do processo (coleta, raspagem, preparação da fita, tingimento e secagem), mas é notável que as meninas desempenham um papel mais proeminente.

De acordo com o projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA) conduzido pela Professora Eliana Teles, em uma oficina em parceria com a Universidade Federal do Pará, campus Abaetetuba, ficou evidente a “relação social com a natureza e de troca de saberes”. O conhecido ancestral é “adquirido desde muito cedo pelas meninas, que observam e participam do processo ao acompanharem suas mães. Na fase adulta elas aprendem ou trocam esse saber com suas sogras, ao lhes ensinarem o ofício de tecer paneiro e rasas com as folhas de arumã e miriti”

O deputado Bordalo tomou conhecimento do trabalho realizado pelas mulheres em um evento realizado na UFPA Campus Abaetetuba e na ocasião observou a importância de se valorizar, não apenas artesanal, mas do papel que desempenham enquanto guardiãs da floresta e do conhecimento ancestral.  

“Não temos dúvidas que quem protege as florestas e toda a sua biodiversidade  são os povos e comunidades tradicionais e a Lei publicada nesta terça (26) no Diário Oficial, que declara e reconhece essas mulheres de saber tradicional como Patrimônio Cultural de Natureza Material e Imaterial do Estado do Pará é uma forma, não apenas de valorização, mas de dar visibilidade, chamar atenção pela enorme riqueza cultural que o nosso estado possui”, destaca.

MULHERES

As mulheres fazendeiras desempenham um papel fundamental na riqueza cultural do Pará. As cuias produzidas não são apenas recipientes, mas sim portadoras de histórias, tradições e saberes ancestrais. Além disso, essas peças desempenham um papel vital nas manifestações da culinária da região, sendo utilizadas para servir pratos típicos. 

A arte da produção de cuias não apenas enriquece a cultura paraense, mas também serve como um elo vivo entre o passado e o presente, transmitindo a herança cultural para as gerações futuras.

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