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Sem o estandarte da moralidade, com que discurso a oposição ao PT vai à luta eleitoral?

Semana começando, após o feriado da Páscoa. No blog da Perereca da Vizinha, um trecho comentado das ligações perigosas entre Cachoeira e o senador Mário Couto (PSDB-PA).

Mais adiante, do blog Maria Frô, a imagem do senador Demóstenes Torres (hoje sem partido, mas até ontem do DEM-GO), tido como arauto da moralidade do país e incensado por boa parte da mídia brasileira.

E no final do post, a ótima pergunta de Maurício Dias, na Carta Capital: Os conservadores de agora, com o processo democrático fortalecido,
sem o discurso da legalidade, acabam de perder a bandeira da moralidade
sustentada pela hipocrisia de Demóstenes Torres. Com que bandeira eles
vão à
luta eleitoral?
 
 
Eis a conversa, conforme o áudio no site da Veja:
Demóstenes: Fala, professor.
Cachoeira: Como é que é o relacionamento seu com aquele senador lá do Pará, o Mário Couto?
Demóstenes:
Muito bom. O Mário… Inclusive o povo acha que, que… Depois eu te
falo. Mas eu te ligo. É muito bom o meu relacionamento com ele.
Cachoeira: Eu vou precisar de um negócio aí, eu te falo. Um abraço.
( Pausa. Depois, a conversa é retomada)
Demóstenes: Oi, professor, tá ouvindo?
Cachoeira: O Detran lá é dele.
Demóstenes: Ah, então tá bom. Aí você me avisa o que é, falou?
Cachoeira: Falou, um abraço.
Demóstenes: Um abraço, tchau”.
No
site da Veja, a Assessoria de Mário Couto nega que ele tenha recebido
de Demóstenes “qualquer pedido de interesse de Cachoeira – até porque,
segundo o parlamentar paraense, a relação entre ele e o colega de Goiás
não era próxima”. 
No
entanto, vale lembrar, Couto também jurava que nunca foi bicheiro – até
que as fotos publicadas por este blog mostraram que ele foi, sim,
banqueiro do jogo do bicho, e até porta-voz de uma pitoresca Associação
dos Banqueiros e Bicheiros do Estado do Pará…  
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O senador Demóstenes Torrres (hoje, sem partido e até ontem, do DEM-GO), incensado pela mídia brasileira e pela oposição ao governo Lula e Dilma como o arauto da moralidade.

Estandarte da hipocrisia

O senador Demóstenes Torres é uma figura mais emblemática do que ele
próprio imagina.

Essa derrocada que sofreu, após assumir o papel de
guardião da moral pública, tem sido típica da oposição conservadora há
mais de meio século.

Caso houvesse um lema na bandeira desses oposicionistas – sem dúvida representada pelo lábaro udenista (foto)
– ele seria composto de duas palavras: “Moralidade e Legalidade”, e
poderia ser apelidado imediatamente de “Estandarte da Hipocrisia”.

Esse espírito da UDN, hipocritamente moralista e legalista, assombra a
democracia brasileira desde a fundação, em abril de 1945. Na esteira da
participação militar do País na Segunda Guerra Mundial, os udenistas
encarnaram o papel de principal oposição ao Estado Novo. Muita gente, à
esquerda e à direita, foi presa e sofreu no cárcere. Não se sabe, no
entanto, de nenhum udenista preso ou torturado durante o regime
varguista.

No DNA da UDN, além de uma ideologia que varia do conservadorismo ao
reacionarismo golpista, consta também a célula de rejeição ao que de
melhor fez o ex-presidente Getúlio Vargas. A construção das bases do
moderno Estado Nacional e das regras de proteção aos trabalhadores.

Principalmente por essas decisões Vargas pagou com o suicídio, em
1954, quando o arauto da oposição era Carlos Lacerda. Ele segurou o
estandarte da moralidade quando criou a expressão “Mar de Lama”, que
supostamente corria sob o Palácio do Catete. Nada provado, mas
perfeitamente executado e ampliado pelas trombetas da mídia.

Na eleição de 1950, Vargas deu uma surra eleitoral no udenista
Eduardo Gomes, um brigadeiro identificado como reserva moral do País.
Gomes já tinha perdido, em 1945, para o candidato Eurico Gaspar Dutra,
apoiado por Getúlio. Em 1955, a UDN empurrou para o páreo o marechal
Juarez Távora. Ele perdeu para Juscelino Kubitschek, que tinha como vice
o getulista João Goulart.

A UDN tentou ganhar no tapetão. Renomadas figuras do
partido, como Afonso Arinos, tentaram um golpe branco com o argumento,
não previsto na legislação, de que JK não havia conquistado a maioria
absoluta de votos. Não deu certo.

Em 1960, os udenistas ganharam a eleição presidencial na garupa da
vassoura do tresloucado Jânio Quadros. Ele renunciou após sete meses,
mas levou a faixa presidencial na esperança de voltar ao poder com o
apoio dos militares. Prevaleceu, no entanto, a resistência democrática,
comandada por Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul. A
esquerda saiu fortalecida do episódio e com a bandeira da legalidade nas
mãos.

O udenismo chegou ao poder em 1964. Dessa vez a reboque dos
militares, com a deposição de João Goulart. Por uma sucessão de erros
políticos do presidente, e com uma parte da esquerda alimentando-se de
fantasias revolucionárias, entregou de mão beijada aos golpistas o
discurso da legalidade. Era falsa. A legalidade udenista abriu caminho
para uma ditadura que durou 21 anos.

O mote da ética levou o espírito udenista, encarnado pelo ex-presidente Fernando Henrique, a propor o impeachment inicialmente e, posteriormente, a renúncia à reeleição ao ex-presidente Lula. Não levaram.

Os conservadores de agora, com o processo democrático fortalecido,
sem o discurso da legalidade, acabam de perder a bandeira da moralidade
sustentada pela hipocrisia de Demóstenes Torres. Com que bandeira eles
vão à luta eleitoral?

A Carta Capital que foi sequestrada dia 1º de abril/2012 em Goiânia-GO, por contar com riqueza de  detalhes as ligações perigosas entre Cachoeira, Demóstenes e o governador tucano marconi Perillo.

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