Do sítio da Carta Maior neste 1º de abril de 2012, 48 anos da ditadura militar e com o olhar na conjuntura e de como anda a direita no Brasil, após a derrocada de Demóstenes Torres, o paladino da corrupção:
Decorridos 48 anos do golpe militar de 1964, o conservadorismo brasileiro vive uma deriva decorrente da implosão da ordem neoliberal no plano externo e de três derrotas presidenciais sucessivas para o PT.
Não tem projeto, não tem lideranças –Demóstenes Torres pretendia ser o candidato de renovação em 2014; Serra é contestado entre seus próprios pares, como se viu na prévia do PSDB, em SP. Globo, Estadão, Folha,Veja e outros mal disfarçam a afoiteza em sepultar o cadáver político de Demóstenes, símbolo deste ocaso histórico.Antes um parceiro de afinidades e campanhas dos savonarolas midiáticos, o demo representa hoje um risco de contágio explosivo (leia a reportagem nesta pág sobre o envolvimento da mídia no caso). Há um clima de salve-se quem puder no ambiente abafado da direita brasileira.
São tempos interessantes. Se vivo, possivelmente o coronel Tamarindo, protagonista da Guerra de Canudos (1896-1897), repetiria aqui a frase famosa: ‘É tempo de murici (*fruta da caatinga), que cada um cuide de si’.
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O site do jornal O Globo alterna manchetes garrafais que antecipam o funeral político de Demóstenes Torres, até há bem pouco tempo um parceiro, digamos assim, do jornalismo imparcial chancelado pelos Marinhos. A revista Veja, cuja afinidade de propósitos com Demóstenes, segundo consta, poderá ser aferida pela intensa troca de telefonemas entre a alta direção de sua sucursal, em Brasília, e o senador dublê de bicheiro,trata agora o amigo como um defunto contagioso, cujo enterro não pode tardar (leia nesta página: Carta Maior pede ao STF acesso às investigações sobre Demóstenes & seus interlocutores associados).
O Estadão, para arrematar, refere-se a 1964 –que ajudou a eclodir– como ‘o golpe’ de 64. Sintomático, a renovação do vocabulário se dá justamente na cobertura do cerco promovido por estudantes a integrantes da ditadura que comemoravam o golpe no Clube Militar, no Rio (leia nesta pág. o blog de Emir Sader).
Tempos interessantes. Se vivo, possivelmente o coronel Tamarindo, protagonista da Guerra dos Canudos (1896-1897), repetiria aqui a frase famosa: ‘É tempo de murici (*uma fruta da caatinga), que cada um cuide de si’. O bordão símbolo da debandada teria sido proferido pelo coronel Pedro Nunes Tamarindo ao constatar a desarticulação total das tropas no ataque a Canudos, após a morte do comandante Moreira César.
De volta, e afiado, Lula sintetizou bem esse período, personificando-o no declínio do eterno candidato tucano: ‘Serra é o político de ontem; com idéias de anteontem’. Mas as safras passam. Cabe ao governo, e às forças progressistas, ocupar o vazio com respostas que não sejam apenas a mitigação daquilo que os derrotados fariam, se não estivessem cada qual cuidando de si. (Leia o Especial deste fim de semana, ‘O desenvolvimentismo em debate’, nesta pág. E ainda,a entrevista exclusiva de Jean-Luc Mélenchon, candidato da inspiradora síntese realizada pela Frente de Esquerda, que emergiu do descrédito para se tornar a força decisiva no 2º turno das eleições presidenciais francesas,com uma plataforma de rejeição ao neoliberalismo.)
O Estadão, para arrematar, refere-se a 1964 –que ajudou a eclodir– como ‘o golpe’ de 64. Sintomático, a renovação do vocabulário se dá justamente na cobertura do cerco promovido por estudantes a integrantes da ditadura que comemoravam o golpe no Clube Militar, no Rio (leia nesta pág. o blog de Emir Sader).
Tempos interessantes. Se vivo, possivelmente o coronel Tamarindo, protagonista da Guerra dos Canudos (1896-1897), repetiria aqui a frase famosa: ‘É tempo de murici (*uma fruta da caatinga), que cada um cuide de si’. O bordão símbolo da debandada teria sido proferido pelo coronel Pedro Nunes Tamarindo ao constatar a desarticulação total das tropas no ataque a Canudos, após a morte do comandante Moreira César.
De volta, e afiado, Lula sintetizou bem esse período, personificando-o no declínio do eterno candidato tucano: ‘Serra é o político de ontem; com idéias de anteontem’. Mas as safras passam. Cabe ao governo, e às forças progressistas, ocupar o vazio com respostas que não sejam apenas a mitigação daquilo que os derrotados fariam, se não estivessem cada qual cuidando de si. (Leia o Especial deste fim de semana, ‘O desenvolvimentismo em debate’, nesta pág. E ainda,a entrevista exclusiva de Jean-Luc Mélenchon, candidato da inspiradora síntese realizada pela Frente de Esquerda, que emergiu do descrédito para se tornar a força decisiva no 2º turno das eleições presidenciais francesas,com uma plataforma de rejeição ao neoliberalismo.)
Postado por Saul Leblon às 21:00