O radialista Jairo Souza, da Rádio Pérola FM, de Bragança, região nordeste do Pará, foi assassinado na manhã desta quinta-feira (21). Segundo informações divulgadas pela imprensa, o crime ocorreu por volta de cinco horas da manhã, quando ele chegava na emissora. O deputado estadual Carlos Bordalo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Pará, está em Bragança, para coordenar reunião de trabalho com a sociedade civil organizada e órgãos do Estado das áreas de segurança e cidadania. Ao saber do ocorrido, o parlamentar se pronunciou repudiando a violência e cobrando medidas urgentes para a apuração rigorosa do caso e punição aos envolvidos.
“O assassinato brutal ocorreu na porta da rádio Pérola FM, onde o radialista exercia seu oficio. Mais um crime violento, com características de execução a mando. Definitivamente, a barbárie se instalou no Pará”, disse o deputado Bordalo.
Ainda segundo a imprensa, Jairo Sousa, 43 anos, foi surpreendido em frente ao edifício Nunes Bastos por uma pessoa que atirou duas vezes contra ele. O radialista chegou a ser socorrido por populares e levado ao Hospital Santo Antônio Maria Zaccaria, mas não resistiu aos ferimentos. Jairo apresentava o programa “Pérola Show”, de 5h às 9h, e era conhecido por denunciar esquemas de corrupção. Segundo a comunidade, já se sabia que o radialista vinha sofrendo ameaças.
Ranking
O Brasil é o segundo país da América Latina com mais jornalistas assassinados. De acordo com a ONG Repórteres sem Fronteiras, 26 repórteres foram mortos no país, entre 2010 e 2017, deixando o Brasil na 102° posição no ranking mundial que avalia a liberdade de imprensa.
O número coloca o Brasil atrás apenas do México, com 52 assassinatos de profissionais de imprensa no período. A ONG leva em conta apenas casos em que é possível ligar diretamente o crime com a prática do jornalismo.
Somente entre 2016 e 2017, quatro jornalistas foram mortos no país: Luiz Gustavo Silva, blogueiro morto em Aquiraz (CE), após publicar notícias sobre um assassinato; Maurício Santos Rosa, dono do jornal mineiro O Grito; João Miranda do Carmo, que fazia críticas em seu site ao prefeito de Santo Antônio do Descoberto, nos arredores de Brasília; e João Valdecir Borba, radialista do Paraná.
Além dos crimes de assassinato, a RSF também mostrou preocupação com o número de casos de ameaça e intimidação contra os profissionais. Foram cerca de 99 casos no Brasil no ano passado. No início de abril, a sede de um jornal no litoral do Paraná foi alvejada por tiros.
O ranking, publicado pela ONG anualmente desde 2002, também avalia parâmetros como a concentração da propriedade dos meios de comunicação e as leis que regem o setor.
Para Emmanuel Colomblé, diretor da RSF para a América Latina, dois motivos ameaçam a liberdade de imprensa no país: a concentração da propriedade dos meios de comunicação e falta de amparo do poder público aos profissionais, que acarreta no aumento dos casos de violência.
De acordo com o RSF, algumas coberturas particularmente complicadas prejudicam a posição do Brasil, como as pautas ligadas a segurança pública e aos direitos humanos nas regiões de periferias ou favelas de grandes cidades. Outro ponto de preocupação é a cobertura de manifestações, que se tornaram cada vez mais comuns na região desde 2013.