A Assembleia Legislativa do Pará realiza na próxima segunda-feira, dia 24, às 9h, uma sessão solene em homenagem aos 117 anos do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP). A cerimônia foi requerida pelo deputado paraense Carlos Bordalo (PT), com reconhecimento à importância da instituição para a história e a cultura do Estado.
Criado no dia 3 de maio de 1900, por iniciativa do então governador Paes de Carvalho, o IHGP foi constituído por um grupo de intelectuais, dentre os quais se destacava Domingos Antônio Raiol. O acervo da instituição começou a ser montado, reunindo obras bibliográficas, iconográficas e importante documentação manuscrita e impressa, datada do início do século XVIII. Esse acervo é fundamental para os estudos sobre a história de Belém, seus aspectos políticos, sociais e culturais. A consulta dos Livros de Sepultamento do Cemitério da Soledade possibilita pesquisas sob o ponto de vista da história demográfica, a partir das séries de enterros realizados no local.
Em 1944, o prefeito Alberto Engelhard efetuou a doação ao IHGP do prédio Solar do Barão do Guajará, totalmente mobiliado, com os móveis da família e a biblioteca do barão, fundador da instituição. A obra arquitetônica construída no início do século XIX em estilo neoclassico é também parte integrante do patrimônio histórico e arquitetônico da cidade de Belém, tombado em 1950 pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Segundo o pesquisador José Leôncio Siqueira, Diretor de Comunicação do IHGP, a instituição é símbolo do apogeu econômico e social da capital paraense, o período conhecido como belle époque. “Quando adentramos o século XX, temos essa explosão cultural, e artistas de vários países convergem para Belém. O Theatro da Paz havia sido inaugurado e grandes artistas chegam à cidade trazendo suas obras. Belém era um grande centro de comercialização, havia uma riqueza fabulosa produzida pelo extrativismo da borracha, colocando a capital paraense em destaque internacional. Os costumes se transformam, deixamos as festas de igreja e passamos para grandes bailes, e os filhos das famílias abastadas começam a estudar na Europa, principalmente na França. Belém era considerada a Paris na América. Para fortalecer esse vínculo cultural, Paes de Carvalho resolve então criar duas instituições, a Academia Paraense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico do Pará”, explica.
José Leôncio observa que naquela época não existiam faculdades no Pará, então os grandes intelectuais da época foram convidados a fundar a instituição. Atualmente são 70 cadeiras e os associados mantêm o instituto e seu valioso acervo com o pagamento de uma mensalidade no valor de R$ 100. A instituição não possui, no entanto, nenhum mecanismo de financiamento que possibilite reformas ou ampliação do acervo. “A última obra de revitalização foi realizada pelo projeto Monumenta, do Governo Federal, sob administração do Iphan e coordenação da Fumbel. Em 2012, o projeto acabou, e a obra não foi concluída, tendo parte da verba devolvida. Ficamos com a reforma inacabada, e até hoje biblioteca e auditório não funcionam”, diz o pesquisador. A última recuperação parcial do telhado foi feita entre os anos de 2013 e 2014, a partir de uma emenda parlamentar do deputado federal Edmilson Rodrigues.