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A recepção aos médicos estrangeiros

Durante o final de semana, em todas as cidades onde desembarcaram os
profissionais de saúde estrangeiros, representantes de movimentos
sociais organizaram atos de apoio e solidariedade aos que chegaram ao
Brasil para trabalharem no Programa Mais Médicos, do governo federal.



Empunhando faixas, cartazes, bandeiras e entoando
frases de apoio, os representantes da União Nacional dos Estudantes
(UNE), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), União da
Juventude Socialista (UJS), do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
(MST), da Centro Brasileiro de Solidariedade entre os Povos e Luta pela
Paz (Cebrapaz), Associação José Marti, Unegro, entre outros movimentos
foram recepcionar os médicos estrangeiros, entre eles, cubanos.



Com muita alegria e irreverência, os ativistas foram atribuir
solidariedade e demonstrar a hospitalidade do povo brasileiro aos
profissionais de saúde estrangeiros. Além dos movimentos sociais,
representantes dos governos Federal, estadual e até profissionais da
área da saúde das regiões participaram da receptividade.


Os primeiros a chegar, desembarcaram na tarde de sexta-feira (23) no
Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins (MG). Outro grupo de
médicos vindos da Argentina, Portugal e Espanha foram recebidos no
Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, ainda no início da
tarde de sexta-feira (23). No mesmo dia, no Aeroporto Internacional da
capital baiana desembarcaram russos, argentinos, espanhóis e portugueses
que irão atender áreas carentes e distantes dos grandes centros.



Os cubanos

Os mais esperados foram os médicos cubanos que desembarcaram no início
da noite de sábado (24) no Aeroporto de Guararapes, no Recife. Eles
chegaram ao começo da tarde e, do total de 206 profissionais que estavam
no voo fretado vindo de Havana, 30 ficaram no Recife.
Os demais desembarcaram em Brasília, onde aterrissaram no inicio da noite.


Os primeiros médicos cubanos foram recebidos com faixas e música de boas
vindas por integrantes da União da Juventude Socialista (UJS) e da
União Brasileiro dos Estudantes Secundaristas (Ubes). Na chegada, os
jovens brasileiros recepcionaram o grupo cantando a música Abre Alas, de
Chiquinha Gonzaga, com modificações na letra. “O abre alas que os
cubanos vão passar/ É mais saúde para a população/ Sejam bem-vindos e
tenham a nossa gratidão”.


O cubano Nélson Rodríguez, médico de família, declarou ao desembarcar no
Brasil: “Nós somos médicos por vocação e não por dinheiro. Trabalhamos
porque nossa ajuda foi solicitada, e não por salário, nem no Brasil nem
em nenhum lugar do mundo”.


No aeroporto Juscelino Kubistchek, em Brasília, não foi diferente. Mais
de 100 pessoas, entre estudantes e representantes de movimentos sociais
foram dar as boas vindas aos médicos estrangeiros. Tiago Cardoso,
presidente da UJS-DF, ressaltou que diante da falta de solidariedade das
entidades médicas brasileiras, os estudantes, realizaram um ato de
apoio aos profissionais que abriram mão de sua vida em seus países para
ajudarem os mais necessitados no Brasil. “Devemos homenagear esses
heróis”, disse.


Representantes do Comitê Brasília Solidariedade Cuba também participaram
do ato de apoio e receptividade. Durante a longa espera no aeroporto,
os manifestantes gritavam palavras de ordem como “Cubano amigo, Brasil
está contigo” e “Brasil, Cuba, América Central, a luta socialista é
internacional”.


Ao desembarcar, Oscar Gonzales Martinez, graduado há 23 anos e
especialista em atenção à família, disse que tinha grande expectativa em
trabalhar com a população brasileira. Martinez disse que veio ao Brasil
por várias razões, entre elas, a oportunidade de trabalhar para o povo
brasileiro. Sobre a polêmica em torno do pagamento dos salários, que
serão feitos por meio do governo cubano e não diretamente aos
profissionais, Gonzales disse que isso é o que menos importa, pois tem o
emprego garantido em seu país e parte dos recursos irá para ajudar o
seu povo.


“O mais importante é colaborar com os médicos brasileiros e ajudar na
qualidade de vida do povo daqui. Também é importante a irmandade entre o
povo cubano e o povo brasileiro que existe há muito tempo”, disse.


A médica Jaiceo Pereira, de 32 anos, lembrou, bem-humorada, que, apesar
de ser a mais jovem do grupo, tem bastante experiência profissional e no
início de sua formação já trabalhava com saúde da família. Ela pediu o
apoio do povo brasileiro e respeito aos profissionais de seu país.
“Queremos ajudar e dar saúde a todos àqueles que não têm acesso aos
serviços médicos”, disse. “Queremos dar amor e queremos receber amor.”
Já Alexander Del Toro destacou que veio para trabalhar junto e não
competir.


O diretor de relações institucionais da UNE, o comunista Patrique Lima
que participou da recepção no aeroporto em Brasília, explicou que “foi
emocionante ver o empenho e a vontade de ajudar manifestada pelos
Cubanos, a fala de um dos médicos deixa claro isso, ‘o que nos trás aqui
é a solidariedade, o Brasil é um país amigo, vimos para ajudar seu
povo’, mas o que foi de arrepiar mesmo foi ver uma médica cubana aos
prantos de emoção pela recepção que fizemos. A solidariedade é mais que
um gesto, é um princípio comunista”, ressaltou.


Os profissionais cubanos fazem parte do acordo entre o ministério com a
Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para trazer, até o final do
ano, quatro mil médicos cubanos. Eles vão atuar nas cidades que não
atraírem profissionais inscritos individualmente no Programa Mais
Médicos. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, rebateu as críticas das
entidades médicas que questionam a formação médica dos profissionais
cubanos.


“O governo já ganhou todas as medidas judiciais. Temos muita segurança
jurídica do que estamos fazendo. Quem quiser pode fazer sugestões para
aprimorar, agora não venham ameaçar a saúde da nossa população que não
tem médico. O que move o Ministério da Saúde é levar médicos aonde a
população não tem médicos”, disse Padilha.


O programa foi alvo de cinco ações judiciais, três na Justiça Federal em
Brasília e duas no STF. O Mais Médicos foi questionado pelo deputado
federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) em mandado de segurança sob relatoria do
ministro Marco Aurélio Mello. Além da ação de Bolsonaro, havia outro
questionamento da Associação Médica Brasileira que foi negado pelo
ministro plantonista Ricardo Lewandowski antes mesmo de ouvir as partes
envolvidas.


No domingo (25), outro grupo de 194 médicos cubanos chega a voo que fará
escalas em Fortaleza e Recife antes de chegar a Salvador. Em Fortaleza,
os profissionais desembarcam no Aeroporto Internacional Pinto Martins.
Em Recife, eles chegam às 16h05 no Aeroporto Internacional Gilberto
Freyre. E em Salvador, os médicos desembarcam às 18h50 no Aeroporto
Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães. Mais uma vez, os
movimentos sociais preparam um grande ato de apoio e receptividade aos
estrangeiros.



Qualificação e avaliação

Todos os médicos farão um Curso de preparação com aulas sobre saúde
pública brasileira e língua portuguesa que terá início na segunda-feira
(26), e ocorrerá ao longo de três semanas.
O curso vai ter carga de 120 horas com aulas expositivas, oficinas,
simulações de consultas e de casos complexos. Também serão feitas
visitas técnicas aos serviços de saúde com o objetivo de aproximar o
médico do ambiente de trabalho.


Após a aprovação nesta etapa, a partir de 16 de setembro, eles serão
encaminhados para atender a população nas unidades básicas de saúde de
um dos 701 municípios que não foram selecionados por nenhum médico
brasileiro nem estrangeiro.


A concessão de registro profissional desses profissionais de Cuba segue a
regra fixada para os demais estrangeiros que trabalharão no Mais
Médicos: eles terão autorização especial para trabalhar por três anos
exclusivamente nos serviços de atenção básico em que forem lotados no
âmbito do programa.


“Estes profissionais vão atender a população de cidades que apresentam o
pior índice de desenvolvimento humano do país e que enfrentam
dificuldades de contratar médicos. Estão chegando profissionais muito
bem preparados, experientes, que já trabalharam em países de língua
portuguesa e com especialização em saúde da família”, destacou o
ministro da Saúde, Alexandre Padilha.



Experiências

Os médicos cubanos que trabalharão no Brasil já participaram de outras
missões internacionais, sendo que 42% deles já estiveram em pelo menos
dois países dos mais de 50 com que Cuba já estabeleceu acordos deste
tipo. Além disso, todos têm especialização em Medicina da Família. A
experiência também é alta: 84% têm mais de 16 anos de experiência em
Medicina. A busca por esse perfil visou encontrar profissionais
habilitados em lugares com habitantes em situação de vulnerabilidade.
 

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